quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Qualquer coisa de discos para ouvir em 2010...

... e entretanto segue a lista ordenada de acordo com valores e humores. Não dos melhores, apenas dos que me passaram pelos ouvidos.

sábado, 20 de novembro de 2010

É pegar nisso

São, porventura, os dois porta-aviões do aconchego MPD.
Com Russian American EP e From Fornelo a circular por aí, Nihilist Assault Group e Wools têm agora mais uma ligaçao em comum: AMDISCS.



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O adeus do Adeus

Era com um simples acenar de "olá", de "bem-vindo" ou de "adeus" que O Senhor do Adeus, como era vulgarmente conhecido João Manuel Serra, se apresentava diariamente a quem por ele passava.
Esta semana, a vida de muitos cidadãos ficou mais pobre. Há menos um adeus na cidade Lisboa. Para alguns, talvez o único.

Presença assídua ali para os lados do Saldanha, junto à ligação com a Avenida Fontes Pereira de Melo, acenava sem parar, sem nunca se importar se esse mesmo acenar era por outros encarado como acto tresloucado ou de provocação - porque não o era. "O Senhor do Adeus" limitava-se a dizer adeus, num gesto amistoso, como que desejando uma boa viagem e uma boa noite ao desconhecido.

Bem penteado e bem parecido, de tom quase aristocrático, diz, quem o conhecia, que esta actividade lhe servia para combater algumas horas de tédio e de solidão.
Na rua acenava às pessoas e na rua conheceu alguns amigos. Dois deles, tal como ele, amantes do cinema, partilhavam com João Manuel Serra o blog O Senhor do Adeus, um blog dedicado à crítica cinematográfica, a crítica que faziam após cada domingo que passavam na sala de cinema.

Com o sonho de ter sido actor, chegou a entrar em, pelo menos, dois filmes. Restou-lhe depois o prazer e a dignidade de ter sido figurante e, porque não, um dos principais actores da noite de Lisboa.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Aqui jaz, em hora de almoço, Manuela.

A Assembleia da República e, mais especificamente, o debate do Orçamento do Estado, chegaram na manhã de hoje a níveis insustentáveis de servilismo e de deboche. As grandes decisões do país estão, por agora, entregues a um sem número de semi-stand up comedians que se esquivam de toda e qualquer resposta, a toda e qualquer pergunta, durante todo e qualquer debate.

A regra é: não perguntes que eu não respondo, porque se perguntares eu vou fazer de tudo para não responder, porque o debate não serve para perguntas e respostas, serve antes uns e outros, na sua grandiloquência de discurso que, de tão vazio, chega a ser balofo e gorduroso. Balofo, gordo, ocupando um espaço enorme, deixando o ar irrespirável. Cheio de gordura, numa transpiração toda ela sebosa.

Por dentro, tudo está à vista de todos. Das tentativas de trocadilhos às inaceitáveis metáforas de baixa estirpe, passando por recados moralistas para o núcleo familiar de alguns deputados, até aos risos e sorrisos de outros tantos que, de função, apenas têm a de estarem de boca fechada, fato aprumado e aspecto papel de parede fosco, existindo apenas como quem passa com uma vil imunidade por entre os pingos da chuva.

Até ao momento em que, em manhã de denso nevoeiro, surge, a cavalo de uma assinatura gravada via telemóvel, alguém que, jogando por duas das equipas, representando dois dos maiores ajuntamentos, traz consigo a bandeira do carácter e da moral, pelo mais profundo interesse nacional. No entanto, e causando alguma estranheza, Manuela Ferreira Leite aparenta não se encontrar em nenhum dos lados da trincheira, teimando em querer representar o zelo pela estabilidade e responsabilidade no discurso político, ao mesmo tempo que atira mais lama para este imenso lamaçal.

MFL defende-se, para uns, dizendo que não há solução que não passe por este Orçamento. Para outros, refere que não há solução. Ponto. Que não há solução, porque tudo depende dos mercados externos e dos seus bons ou maus humores, mas que, mesmo assim, é preciso seguir cegamente este feto de Orçamento, numa caminhada que urge ser feita, pese embora a sua escassa probabilidade de sucesso.
Quando questionada sobre os lucros da banca e da baixa de impostos, que resultou num aumento desses mesmos lucros, MFL não responde, preferindo, ao invés, soltar dois ou três dichotes - numa tentativa de piadas avulsas que nem sequer chegam a sê-lo -, baixando o nível do debate, ao contrário daquilo que, há poucos meses atrás, se dizia ser contra: a falta de seriedade e de conteúdo no debate político.
É caso para dizer: "Até tu Manela, até tu Manela... E pensar que essa fatiota bafienta ainda conseguia enganar alguém, trazendo com todos os cinzentismos a aura da seriedade..."

Tudo porque, concordando-se ou não com MFL, esta tinha, até ao final da manhã de hoje, o peso de ser vista enquanto um dos últimos baluartes do que se entendia por seriedade e utilidade no debate político dentro dos dois partidos do poder. Tinha. Mas parece tê-la comido, ao almoço, enquanto deixa, para outros, toda uma indigestão.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

António Sérgio (1950-2009)


Faz hoje um ano que António Sérgio deixou de fazer rádio. Isso mesmo, fazer rádio. Essa rádio que não cabe nos espectros radiofónicos ditos comerciais. E essa rádio, ainda existe? Existe. Em alguns pequenos circuitos que teimam em tentar sobreviver. "Como ousam!?"
António Sérgio fui um dos que optou, e pôde, fazer aquele tipo de rádio que alguém faz sem ter de estar enfadonhamente restrito ao que quer que seja - ou melhor, essas restrições vão acabar sempre por existir, há é truques e tentativas de desvanecimento.
Há uma ideia. Há um tema. Há vontade e motivação. Há um programa. Sem barreiras. Apenas aquelas a que, até para nosso bem, nos sujeitamos a desenhar ou deixar construir.
A verdade é que, não foi com o António Sérgio que surgiu o meu apetite pela rádio. Mas, a segunda verdade, é que foi, muitas vezes, ao ouvi-lo, que cresceu esse querer, nos últimos tempos, brindado com a tranquilidade e sensatez com que deslizava pelas noites da Radar. De voz rouca e coração quente. Em formato mais sério e mais sisudo. Ou trauteando algumas melodias mais joviais enquanto acompanhava uma canção.
Singular.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Malick Sidibé

Não por se tratar de fotografia ou do meu interesse pela mesma, mas as fotografias captadas pelo maliano Malick Sidibé, autor da imagem presente no cartaz do doclisboa 2010, deixam qualquer um embevecido. 
Na Galeria do Palácio Galveias, em Lisboa, estão 85, numa exposição integrada no festival. São a preto-e-branco e recordam algumas das mudanças durante o período pós-independência dos anos 60 e 70 no Mali.



Para ver até ao final de Outubro. Entrada livre.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Maratona de pintura, com etc. à mistura

A MARATONA DE PINTURA, em Leiria, passa-se este ano no Jardim Luís de Camões, entre as 15.00h e as 00.00h, com as as tintas a serem acompanhadas por algumas notas musicais.

Tiago Baptista, Catarina Domingues, Nuno Gaivoto, João dos Santos, Nuno Costa, Sandrine Cordeiro e Gonçalo Pena são alguns dos pintores convidados pelo colectivo a9)))) que espera, no entanto, por mais participantes e/ou curiosos.

Durante a tarde, as actividades prolongam-se com alguma aprendizagem na companhia de Vânia Carvalho e de uma banda sonora a cargo da dupla de dj's Fck you its magic. Pela noite, é a vez de Mighty Joe Moon e Backthub.

(Se houver chuva as actividades passam para a SEDE) 

futuro da rádio / rádio do futuro

Local: Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Auditório Agostinho da Silva

Celebrar as bicicletas

Qual o principal veículo do início das nossas vidas, o qual passamos a conduzir que nem reis das ruas nosso bairro? A bicicleta. Qual o principal veículo que, a partir de certa idade, muitos querem rejeitar, julgando ser de importância menor? A bicicleta. Mas há ainda quem, ao longo dos anos, mantenha o apreço por este tipo de deslocação e, porque não, estilo de vida.

O Bicycle Film Festival, que decorre em Lisboa de 7 a 10 de Outubro, em espaços como o Teatro Cinearte, em Santos, e Lx Factory, em Alcântara, é a "celebração da bicicleta pelo cinema, artes e música".

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

"Não é no deserto que se faz um aeroporto...

mas de lá surgem grandes ideias e, pela sétima vez, o OUT.FEST". 
O deserto da margem sul é cada vez mais um espaço repleto de iniciativas de louvar e o cartaz deste ano do OUT.FEST - Festival Internacional de Música Exploratória do Barreiro, com organização da OUT.RA - Associação Cultural, é prova disso mesmo.

São onze dias (5 a 16 de Outubro) de, no mínimo, bons concertos e boas sessões de cinema, em vários espaços da cidade, e ainda da instalação interactiva online Ouvido Raro.

Aqui fica a programação bem organizada:


5 Outubro - Be Jazz Café, 17h30, Música: Alexander von Schlippenbach

6 Outubro - Teatro Municipal, 21h30, Cinema: Alan Lomax - The land where the blues began + Música: Norberto Lobo

7 Outubro - Cooperativa Cultural Popular Barreirense, 21h30, Cinema: Alan Lomax - Jazz parades / Cajun country

8 Outubro - Convento da Madre de Deus da Verderena, 22h: Música: Noël Akchoté

9 Outubro - Casa da Cultura, 22h, Música: Panda Bear + Oneohtrix Point Never

10 Outubro - Cooperativa Cultural Popular Barreirense, 17h30, Workshop/concerto/palestra: Calhau! O método do Leopardo

11 Outubro - Cooperativa Cultural Popular Barreirense 21h30, Cinema: Alan Lomax - Appalachian journey / Dreams and songs of the noble old

12 Outubro - Clube Naval Barreirense, 21h30, Cinema: Bénarès, Musiques du Gange + Música: Stellar OM Source

13 Outubro - Cooperativa Cultural Popular Barreirense, 21h30, Cinema: Dor, Low is Better

14 Outubro - Teatro Municipal, 21h30, Música: Tetuzi Akiyama + Rafael Toral

15 Outubro - Convento da Madre de Deus da Verderena, 22h, Música: Emeralds + Kosmicdream

16 Outubro - Auditório Municipal Augusto Cabrita, 22h, Música: Rodrigo Amado Motion Trio + Lol Coxhill + AJM Collective

5 a 16 Outubro - Instalação interactiva online: Ouvido Raro: The Caretaker

5 a 16 Outubro - Fórum Barreiro, das 10h às 23h, Cinema: Cinecubo

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Joelheiras voltam a dominar Leiria


Na 3ª edição das Joelheiras, com organização a9 )))), Leiria acolhe no dia 25 de Setembro, num anfiteatro ao ar livre estranhamente subaproveitado, alguns dos nomes que mais pontos têm vindo a marcar no que à música portuguesa ( periférica?) diz respeito.  

Numa tarde que se espera, no mínimo, agradável, pedem-se cestas de piquenique com comes e bebes para aproveitar a relva que envolve o espaço onde actuarão, a partir das 16 horas: Cangarra (dupla composta por Manuel Gião e Ricardo Martins), Bandeira Branca (Bruno Silva e Filipe Felizardo) e Vitor Lopes.

À noite, a festa segue em direcção à SEDE, com música e outras coisas que, por certo, nos vão fazer querer estar por lá.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Algumas linhas...

escritas no sítio do Rascunho sobre Innerspeaker dos Tame Impala.

Para ler aqui.

Deixo também um vídeo:

(Tame Impala - Why Don't You Make Up Your Mind?)

domingo


Passeara imóvel apenas durante algumas horas a fio.

Ao voltar a si, na leveza das datas, pensou que se tudo havia começado num domingo e terminado numa segunda-feira, tal poderia significar que todo esse tempo mais não teria sido do que um sonho de vinte e quatro horas.

Acordando em sobressalto suspirou: "Agora que finalmente acordei, só me resta querer dormir mais um pouco. Talvez durma durante uma semana inteira. Talvez durma até domingo".